14 de fevereiro de 2013

DEUS NÃO É SÓ AMOR

Alguns me perguntaram sobre a renúncia do Papa. De imediato, não soube o que dizer, mas sabia que no fundo, não era só problema de saúde física. Depois de ler inúmeros textos sobre o acontecimento destaco o de Marcelo Coelho, publicado na Folha de São Paulo, em 13/02/2013. Nesses últimos dias ouvi comentários do todos os tipos. Alguns "católicos populares" (lê-se aqui por "católico popular" aquele indivíduo que não segue os preceitos religiosos da Igreja e discorda das regras da mesma) se alegraram com a saída de Bento XVI, muitos não souberam expressar o motivo, alguns, simplesmente, afirmaram que sua origem alemã e suas feições duras remetiam ao nazismo. 

Sim, Ratzinger não pensava esperança como seu bondoso antecessor. Como professor da academia e teólogo de excelência, Bento XVI sabia que o mundo não era só flores como caracterizado em Cântico dos Cânticos. Em seus discursos, sempre fez questão de deixar em evidência a insuficiência humana causada pelo sofrimento da vida. A ausência de Deus... Por ora questionada por esse papa em alguns dos seus discursos. De fato, Ratzinger questionava o mundo do "Deus é amor" pregado na Igreja católica. O mundo, visto pelo teólogo, era ora tristeza, ora guerra, ora virtude, ora coragem, ora, porque não, amor. Pois é, nem só de amor era Deus. E por isso veio seu fracasso (aliás a palavra da vez em muitas análises). Bento fracassou diante do clero, diante da cúria, mas, antes de tudo, foi virtuoso ao dialogar com outras religiões e ao lidar com algumas demandas da vida moderna. Mas, como diz Maquiavel em O Príncipe, para ter sucesso é necessário ter sorte e virtude. Ratzinger não teve sorte ao tentar elevar o nível do debate dentro da Igreja, por conta disso, acabou isolado. Renunciou... Deixou um cargo, seu ofício, vitalício.
  
Que diante desse mundo em que "Deus não é só amor" a Igreja e seu novo representante dialoguem, sem fracassar, com a modernidade. "A vida avança e quem não avança com ela, fica só", como disse Maxim Górki, em Pequenos Burgueses.


Ousadias de um papa

Marcelo Coelho - Folha de São Paulo - 13/02/2013


A renúncia do papa é um convite para toda sorte de teorias conspiratórias; no mínimo, pode-se prever que, de forma talvez nunca registrada na história, Bento 16 terá condições para dirigir, ainda vivo, a própria sucessão.

A decisão foi também repentina demais para se acreditar plenamente na tese de cansaço; teria surgido alguma pressão súbita capaz de tirar Bento 16 do trono de São Pedro? Algum escândalo, quem sabe?

Há argumentos contra esse tipo de especulação. Imagine a hipótese inversa. Se tudo se deve mesmo à fragilidade, à saúde e à velhice, o papa tomou a melhor atitude ao fazer o anúncio de chofre. Não há como preparar a opinião pública para uma coisa dessas sem dar margens a rumores ainda piores.

Vindo de um papa tão cioso das tradições, o fato não deixa de ser irônico. Bento 16 “inova”, por assim dizer, evitando o triste espetáculo que se viu no caso de seu antecessor. Com os progressos da medicina, cargos vitalícios acabam —como a vida— conhecendo um prolongamento cruel e antinatural.

Bento 16 ficará com a imagem de “conservador”, o que é verdade.

Mas prefiro pensar nele de outro modo. Para quem não tem crença religiosa, as palavras de Bento 16 eram muito mais interessantes do que seria de esperar.

Como intelectual, este papa sempre soube melhor se dirigir ao cérebro do que ao coração das pessoas. Várias vezes topei com frases de Bento 16 que eu mesmo, ateu de carteirinha, poderia subscrever.

A primeira surpresa foi quando ele visitou o local de um antigo campo de concentração nazista. Em seu discurso, deixou no ar a pergunta memorável.

Ficamos pensando, disse o papa, onde estava Deus quando tudo isso aconteceu. Era uma pergunta que nada tinha a ver com as habituais consolações, tão vazias, que a rotina religiosa costuma invocar nesse tipo de situação.

No ano passado, Bento 16 tocou no mesmo tema. Foi num concerto em Milão, no qual iam tocar a Nona Sinfonia de Beethoven. Como se sabe, no último movimento são cantados trechos da “Ode à Alegria” de Schiller. Não há catolicismo nesses versos, mas tudo transmite confiança religiosa.

“Ébrios de fogo entramos em tua morada celeste!”, exulta o coro. “Sobre a abóbada estrelada deve morar o Pai amado!”

O papa confessou suas dúvidas a respeito. Essas palavras “ressoam vazias para nós, aliás, não parecem ser verdadeiras”. “Não experimentamos de modo algum as centelhas divinas do Elísio. Não estamos inebriados de fogo, mas, ao contrário, paralisados pela dor diante de tanta e incompreensível destruição, que ceifou vidas humanas, que privou muitos da própria casa e lar.”

Ele se referia a um terremoto ocorrido na Itália em maio daquele ano. E continuou.

“Até a hipótese de que por cima do céu estrelado deve habitar um Pai bom nos parece discutível. O Pai bom está sozinho acima do céu estrelado? A sua bondade não chega até nós aqui embaixo? Procuramos um Deus que não domina à distância, mas que entre na nossa vida e no nosso sofrimento.”

Frases como essas me pareceram extremamente justas, e —vindo de quem vieram— ousadas a mais não poder. “Não temos necessidade de um discurso irreal de um Deus distante e de uma fraternidade não exigente”, continuou o papa.

“Buscamos uma fraternidade que, no meio dos sofrimentos, ampara o outro e assim o ajude a ir em frente. Depois deste concerto muitos participarão na adoração eucarística —ao Deus que se inseriu nos nossos sofrimentos e continua a fazê-lo. Ao Deus que sofre conosco e por nós, e assim tornou os homens e as mulheres capazes de compartilhar o sofrimento do próximo e de o transformar em amor.”

Ouvi com frequência um comentário meio leviano sobre o conservadorismo de Bento 16 em temas como família, homossexualidade, contracepção. “O que vocês querem? Afinal, ele é o papa!” Nunca concordei com essa desculpa. Mesmo sendo “o papa, afinal”, Bento 16 não saiu por aí fazendo campanha em favor da tese de que o mundo foi criado em seis dias.

Foi escolha sua insistir em temas relativos à vida sexual, quando há dezenas de campanhas (comércio de armas, aquecimento global) que poderiam garantir à Igreja mais apoio junto às pessoas de bom senso. Mas não faltou a Bento 16 o ânimo de dizer mais do que se esperava dele.

10 de setembro de 2012

Preto e Branco

Pensar deixa a gente um tanto apático... arrisco dizer que até insensível...
Pensei hoje que a mulher é estranha.
No ímpeto da ousadia insisto em uma única pergunta: a mulher consegue ter amiga mulher? A mulher quando quer ter o que a sua melhor amiga tem, consegue continuar amiga?
Hoje Blanche Du Bois me contaminou... As vezes é mais fácil ter mais homens por perto. Os amigos, os parceiros, os amantes, os amores... As vezes eles são mais sensíveis do que nós, mulheres.
Hoje tive nojo de algumas atitudes femininas que presenciei. No ímpeto da leoa, quando mulher acha que deve atacar, acaba ferindo até inocentes... É instinto.
Delicadeza e fúria, num contraste paralelo, sempre juntos, como preto e branco, luz e sombra. É assim e ponto.

10 de março de 2011

O PARALELO: MEDO E FORÇA


"Medo do desconhecido,
Tudo o que é novo dá medo...!
E como dá...
Medo da transformação, medo das lágrimas, medo do sofrimento...
Com o medo as máscaras caem, o novo nos trás um desprendimento do falso,
Daquilo que não é verdadeiro, do que não é real.
Você terá que pisar cautelosamente, com receio, até de fato conhecer o desconhecido.
Ou não!
A Força não permiti o receio...
A Força não chega com cautela.
Através dela a entrega do corpo e do espírito é única...
Ela invade mente, alma e físico sem pedir licença.
A força é intensa e intensamente nos remete à rios, mares, maremotos e vulcões de emoção.
A sua vida chega até você por meio de imagens, sons, cenas...
O inexplicável, o que você nunca conseguiu desvendar...
Passa em sua mente num piscar de olhos, por entre os dedos, tá tudo alí...
A Força invade tuas gavetas do inconsciente mais profundo...
Tudo aquilo que estava escondido até de você mesmo...
A Força desenha e te traduz, por menor que seja o que antes era indecifrável.
O que antes era vergonhoso, a Força passa por lá e alivia.
Uma mistura de dor, cansaço, perdão, amor, sublimação passa através do corpo.
As vezes bate à porta a redenção...
Você se rende e aceita o seu passado, a sua própria vida e o que está por vir.
A Força...
A Força permite isso.
Realização, engrandecimento, coragem.
A Força te remete um novo sentido.
Um sentido antes nunca pensado e sequer lembrado para a Vida.
A Força te indica como é simples viver.
Sim, renovação... Beleza, encanto, amor...
Tudo isso a Força traz.
Um infinito incomensurável e inédito.
Uma nova vontade de viver...
A coragem de desbravar o mundo.
Salve a Força do Santo Daime! Asé!"

2 de novembro de 2010

COISAS DE QUERER


Eu quero paz! Quero pegar meus sentimentos no colo e cuidar deles... Quero viver a vida minha! Quero abstrair todos os problemas que por algum motivo chegaram até mim. Quero estancar as feridas! Quero harmonia! Quero melodia!

Quero dar o basta que o coração não consegue. Quero seguir em frente sem pensar no que ficou. Quero dar risada até a barriga doer! Quero um tempo pra cuidar de mim. Quero gostar de quem gosta de mim. Quero viver a vida sem fim.

Não quero hipocrisia. Quero viver a saudade gostosa que só o tempo deixa chegar. Quero ser feliz sem pestanejar! E quero mais do que nunca que você seja feliz também. Quero que você pense em você e não em mim. Quero que a vida se encarregue dos poréns e das lágrimas já derramadas. Quero que as lágrimas virem risinhos faceiros e juvenis.

Quero tulipas no jardim! Quero ver os desenhos das nuvens. Quero paz! Quero fazer as pazes sem brigar. Quero conversar sem ter que pensar. Quero brincar sem ter que ponderar. Quero abraçar sem negar.

Quero desejar bom caminho! Quero paz! Vá em paz! Quero que você procure a felicidade, senão, não vou sossegar! Quero conversar e dialogar. E só, ponto final! Vá! Vá em paz...


Santo Samba

(Pedro Luís e a Parede)

“Parei pra pensar um pouco /

Quão louco que está o mundo /

Do jeito que as coisas andam /

Um dia ainda largo tudo /

Os Santos estão pirando /

Não dão conta da demanda /

Se eles sartam de banda /

Nos resta seguir cantando /

Deixo as mágoas para trás /

Deixo tudo que não presta /

Desligo os problemas /

E chamo os amigos pra fazer a festa /

Vou cuidar de sambar /

Vou cantar pra valer /

O samba é um santo remédio /

Pra quem quer viver”

21 de outubro de 2010

LADAINHA

"500 cruzeiros? (Risadas) O senhor tá ficando louco! Faço por 1000, pro senhor!... Isso é o meu trabalho, eu não sou qualquer putinha que sai dando por aí.

Sabe de uma coisa? Eu quero ir pra Paris! Lá eu vou ser uma cantora de verdade! Mas o que eu to falando? A minha vida se resume a isso aqui, a esse boteco...

É engraçado! Todos falam que eu sou bonita, que a minha voz é linda, que eu vou longe... Mas eu nunca saí daqui.

O que? Ir pra "Parrí" com o senhor? Não... Não vou cair nessa sua ladainha, muitos já sentaram aí onde o senhor está sentado e vários prometeram me levar para Paris, só me resta esperar... Saber quem me vai cumprir a tão sonhada promessa. Enquanto isso eu fico aqui. As vezes eu até sinto prazer em estar aqui. Sabe que as vezes eu até sou feliz? É o que me resta, não é?

Uma Cuba Libre, por favor? Com muito gelo!"

Julho/2004

12 de outubro de 2010

OBRIGADA!

OBRIGADA...

Por me mostrar o brilho da vida, apesar de tudo,
Por me fazer sorrir
Por me ensinar tanta coisa,
Por desvendar meu coração,
Por ter ao seu lado vontade de gargalhar,
Por tudo junto e misturado,
Por ter sido e ser meu ouro, meu brilho, jóia rara
Por me acalentar.

Pelas brincadeiras,
Pelas conversas,
Pelas vidas vividas juntas,
Pela honra de viver perto de você,
Pela cumplicidade,
Pelas flores,
Pela bondade,
Pela brasa e pela fogueira.

Pelo seu amor
Pelo amor que eu tenho por ti,
Pelos sonhos sonhados juntos...
Pelos puxões de cabelo e de orelha também,
Pelos abraços e pelas lágrimas,
Pela sua crença num mundo melhor,
Pela alma linda que você tem,
Pela pessoa bela que você é.

Obrigada por me dar a chance de conhecer as riquezas, as belezas e os desejos que existem dentro do seu ser!

"Re-começo"


Faz tempo que estou ensaiando para voltar a escrever aqui no mundo virtual. E hoje resolvi "re-começar"!

Justo hoje, dia de Nossa Senhora Aparecida, de mamãe Oxum, ou como ela for conhecida, não importa seu nome, o que importa é a fé que o brasileiro tem por ela. Peço que através de sua luz, ela jorre muito brilho, muitas riquezas e muito amor para todos nós!

Mamãe Oxum, Orixá da beleza, deusa do amor, da fertilidade e do ouro!

Oraiê iê ô Oxum!